Monday, May 29, 2006

Atleta do Campo Minado

Algum louco mais desocupado do que eu já deve ter inventado, mas eu realmente queria participar de uma olimpíada de jogos idiotas de computador. Me inscrevo na categoria campo minado. Ainda sou amador em Paciência Spider e FreeCell agora já é passado. Não tenho esse desejo porque seja rápido. Meu recorde são míseros 150 segundo - acreditem, isso é pouco. Visitem a comunidade de campo minado no orkut e vejam por vocês mesmos. Não queria uma olimpíada cheia de glamour e badalação (hã? qual a badalação que pode existir para os atletas de campo minado?), mas algo mais simples, como aquelas olímpiadas de quintal (um quintal cheio de computadores realmente não é uma boa idéia). Churrasco, cerveja, piscina, um monte de amigos loucos, o Brasil jogando na copa e eu jogando campo minado, pensando em todas as besteiras que já aconteceram, não aconteceram, irão acontecer ou impossivelmente não irão acontecer. Seria um lindo dia.

Tuesday, May 23, 2006

Picture of someone else

Começar é uma mácula na página em branco. De tudo que pode ser dito pela página em branco, escolho um ínfimo possível, nem mesmo o mais dos esquecidos residentes do pé da página, mas o vizinho óbvio do centro que sempre nos salta aos olhos. Queira ou não, um clichê. Pois começo, e começar é sempre matar o indefinido, construir sempre destrói, a civilização é irmã da barbárie. Clichê, clichê, clichês.

Compro de forma compulsiva - e compulsória - livros. Compro alguns pela capa, outros por indicação, alguns por curiosidade. Em casa, contemplando meus recém-adquiridos objetos de coleção, folheio-os, leio a orelha de cada um, o prefácio, algumas páginas e deixo-os dormir. São poucos que fazem o percurso direto para minha mesa de cabeceira e viram objetos de leitura. Posso dizer que cada um espera em média 4 meses. Alguns chegam à casa dos anos. Mas irei lê-los, sempre amanhã ou depois. Dentre esses livros em-breve-lidos está um que fala sobre o lugar comum e sua importância no comunicação. Livro muito interessante (li o primeiro capítulo), assinado pelo jornalista Cláudio Tognolli, alguém que merece a atenção de todos que gostam de bom jornalismo. O livro começa com uma pedrada, trazendo uma discussão baseada nas discussões sobre filosofia da linguagem do Wittgenstein. Pancada.
Sou um professor de redação que não obedece a suas próprias regras. Não vejo muito sequenciamento entre meus parágrafos, peco por minha falta de coerência. Não a rejeito, apenas sou incapaz de atingi-la. Não posso - sem intenção de fazer afirmativas cujo valor recaiam sobre toda minha vida, passada e futura - escrever com coerência. Não há um fim, não há um objetivo que me guie. Acumulo aleatoriamente informações que me chegam à mente. E o fardo da auto-análise pesa sobre mim, forçando-me a escrever este parágrafo e me explicar.
"Retrato de Um Artista Quando Jovem" foi o primeiro livro do James Joyce que eu li. Tinha lá meus 16 ou 17 anos. Entendi lhufas do livro e mesmo assim gostei. Entendi e não entendi. E não me importei com o que não entendi. Um dia, iria relê-lo e iria entender, tinha certeza. Ainda não o reli. E o mesmo aconteceu quando li o "Ulysses", um ano depois.
Luiz Melodia já lançou um CD chamado "Retrato do Artista Quando Coisa". Intertexto óbvio com Joyce. Há vários outros. Não sei se existe, mas ficaria feliz com um "Retrato do Artista Quando Outro".
Não sou artista (muito menos Artista), mas fico imaginando o meu "Quando Outro". Dizer que imagino é um exagero. Estou sempre a apenas esperar o meu "quando outro". Não por infelicidade, mas apenas porque quero sempre saber o que serei no futuro. Felizmente minha curiosidade não costume se estender para os reinos que se seguem à morte. Mas meu "quando outro", meu devir (pegando emprestado um termo filosófico que eu nem sei se está empregado corretamente) sempre me acompanha. Talvez por isso que eu tenha um ar meio perdido, meio desligado. Ando meio desligado.
Preciso deixar a pós-modernidade um pouco de lado e parar de fazer links com tudo que me aparece. Joyce, Luiz Melodia, Mutantes, Tognolli. A lista de hoje foi bem diversificada.
Esse é o grande perigo dos textos sem coerência, que não passam de um amontaodo de quinquilharias verbais. Não se sabe como terminar um texto desses.