Saturday, November 18, 2006

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eu
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então antes de recomeçar é preciso - e não é - explicar-se e dizer o que se passou o que se passa e o que se passará e por que você deixou de escrever e por que você voltou a escrever e o que isso quer dizer mas é isso mesmo então vamos lá que já estava na hora de falar alguma seu filho-da-puta enrolão

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& outros
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Resumo do dia:
- Canta Maria sucks, Os Desvalidos rocks (clique no link para saber mais);
- Eu não deveria dormir até meio-dia, mesmo aos sábados (pergunte-me como);
- Não ser reconhecido em shopping centers deve ser legal;
- O futuro é sempre melhor;
- A televisão é o passatempo dos derrotados;
- O céu do pôr-do-sol em Aracaju é fuderoso (pergunte-me como);
- Marcela sempre distante (clique no link para saber mais).

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há mais
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O que é o mistério? Como ele escorre pelos dedos das letras, tocando a curiosidade de cada leitor? Como resgatá-lo, como evocá-lo, como transmiti-lo, como senti-lo?
Trabalhar com o desconhecido, com o símbolo, com a vontade em suspensão, com o desejo instigado. E quando já nos conhecemos, quando nos sabemos, já provamos o gosto de nossa própria carne? O mistério antes era o desconhecido que havia em mim. Agora chegou a vez de desconhecer vocês.

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Thursday, June 01, 2006

Alguma coisa está fora da moda

Ato falho é quando ao falar você diz algo que não queria dizer, revelando seus pensamentos mais "secretos", por assim dizer. Para ilustrar, conto uma história. Certa vez, estava interessado numa garota (quem lembra de Letícia, a mineira?) e, para iniciar o flerte, resolvi convidá-la para dançar. Eis que me aproximo dela e solto o clássico: "Oi, quer beijar?". Peraê, como assim 'beijar'? Não era isso que eu queria dizer! Pois é, lá se tinha ido todo o meu charme e ela já sacou que eu tava afim de ficar com ela. Mas tudo bem, depois a gente realmente acabou realizando o 'beijar'. Enfim, esse é o exemplo.

Metrossexual é o cara que é homossexual, mas não fode com homem. Uma das invenções loucas da pós-modernidade. Na definição clássica e canônica dada pela minha boa amiga Manu, "é o cara que depila o cú mas diz que é só por higiene". Boa sacada, Manu.

Eis que de repente lá estou hoje voltando para casa de carona no carro de Marcela, coloco no cd player um disco de Caetano Veloso, "Circuladô de Fulô". Primeira música, "Fora da ordem", cujo clássico refrão diz: "Alguma coisa está fora da ordem/ fora da nova ordem mundial". Lá está Vladimir inocentemente conversando sobre seu dia com Marcela, quando, durante o refrão que canto baixinho, de sua (minha) boca sai mais uma pérola dos atos falhos: "Alguma coisa está fora da moda/ Fora da nova moda mundial".

MODA????!!!! (ai, meu internetês....) Como assim? O que está por trás desse ato falho? Será que eu estou virando metrossexual? Comecei então a vasculhar meu comprometedor histórico recente:
- No dia anterior, estava no apê de Cela vendo algumas roupas no site do São Paulo Fashion Week;
- Mês passado, comprei figurino novo (auxiliado por Marcela, meu Mefistófeles nessa história) para ir a uma festa de minha tia: blazer, 2 camisas cool, calça. Tudo caro. Ai meu bolso. Mas o pior foi que eu gostei;
- De vez em quando passo uma pastinha de nome francês no cabelo;
- Last, but not least, de vez em quando dou umas escorregadas no discurso (vide episódio zangão - abelha rainha). Essa última referência é internalíssima, né, paspa?!

Mas eu sou que me garanto, e também aponto provas a meu favor:
- Uso a tal pastinha na média suficiente para manter intacta minha honra (uma vez por mês, em média);
- Falando de forma bastante elegante, as rôpa são pra fica bunito e pegah as nega (subentenda-se as nega por Marcela);
- Eu gosto de futebol;
- A melhor refeição que consigo fazer é um nissin miojo (aquele clássico macarrão pronto) misturado com queijo, presunto e molho de tomate. Também sou especialista em pipoca de microondas;
- Eu peido, arroto e coço o saco sem vergonha.

Encerro meu caso aqui. Mas que "Alguma coisa está fora da moda" vai entrar para minha galeria dos atos falhos clássicos, isso vai...

Monday, May 29, 2006

Atleta do Campo Minado

Algum louco mais desocupado do que eu já deve ter inventado, mas eu realmente queria participar de uma olimpíada de jogos idiotas de computador. Me inscrevo na categoria campo minado. Ainda sou amador em Paciência Spider e FreeCell agora já é passado. Não tenho esse desejo porque seja rápido. Meu recorde são míseros 150 segundo - acreditem, isso é pouco. Visitem a comunidade de campo minado no orkut e vejam por vocês mesmos. Não queria uma olimpíada cheia de glamour e badalação (hã? qual a badalação que pode existir para os atletas de campo minado?), mas algo mais simples, como aquelas olímpiadas de quintal (um quintal cheio de computadores realmente não é uma boa idéia). Churrasco, cerveja, piscina, um monte de amigos loucos, o Brasil jogando na copa e eu jogando campo minado, pensando em todas as besteiras que já aconteceram, não aconteceram, irão acontecer ou impossivelmente não irão acontecer. Seria um lindo dia.

Tuesday, May 23, 2006

Picture of someone else

Começar é uma mácula na página em branco. De tudo que pode ser dito pela página em branco, escolho um ínfimo possível, nem mesmo o mais dos esquecidos residentes do pé da página, mas o vizinho óbvio do centro que sempre nos salta aos olhos. Queira ou não, um clichê. Pois começo, e começar é sempre matar o indefinido, construir sempre destrói, a civilização é irmã da barbárie. Clichê, clichê, clichês.

Compro de forma compulsiva - e compulsória - livros. Compro alguns pela capa, outros por indicação, alguns por curiosidade. Em casa, contemplando meus recém-adquiridos objetos de coleção, folheio-os, leio a orelha de cada um, o prefácio, algumas páginas e deixo-os dormir. São poucos que fazem o percurso direto para minha mesa de cabeceira e viram objetos de leitura. Posso dizer que cada um espera em média 4 meses. Alguns chegam à casa dos anos. Mas irei lê-los, sempre amanhã ou depois. Dentre esses livros em-breve-lidos está um que fala sobre o lugar comum e sua importância no comunicação. Livro muito interessante (li o primeiro capítulo), assinado pelo jornalista Cláudio Tognolli, alguém que merece a atenção de todos que gostam de bom jornalismo. O livro começa com uma pedrada, trazendo uma discussão baseada nas discussões sobre filosofia da linguagem do Wittgenstein. Pancada.
Sou um professor de redação que não obedece a suas próprias regras. Não vejo muito sequenciamento entre meus parágrafos, peco por minha falta de coerência. Não a rejeito, apenas sou incapaz de atingi-la. Não posso - sem intenção de fazer afirmativas cujo valor recaiam sobre toda minha vida, passada e futura - escrever com coerência. Não há um fim, não há um objetivo que me guie. Acumulo aleatoriamente informações que me chegam à mente. E o fardo da auto-análise pesa sobre mim, forçando-me a escrever este parágrafo e me explicar.
"Retrato de Um Artista Quando Jovem" foi o primeiro livro do James Joyce que eu li. Tinha lá meus 16 ou 17 anos. Entendi lhufas do livro e mesmo assim gostei. Entendi e não entendi. E não me importei com o que não entendi. Um dia, iria relê-lo e iria entender, tinha certeza. Ainda não o reli. E o mesmo aconteceu quando li o "Ulysses", um ano depois.
Luiz Melodia já lançou um CD chamado "Retrato do Artista Quando Coisa". Intertexto óbvio com Joyce. Há vários outros. Não sei se existe, mas ficaria feliz com um "Retrato do Artista Quando Outro".
Não sou artista (muito menos Artista), mas fico imaginando o meu "Quando Outro". Dizer que imagino é um exagero. Estou sempre a apenas esperar o meu "quando outro". Não por infelicidade, mas apenas porque quero sempre saber o que serei no futuro. Felizmente minha curiosidade não costume se estender para os reinos que se seguem à morte. Mas meu "quando outro", meu devir (pegando emprestado um termo filosófico que eu nem sei se está empregado corretamente) sempre me acompanha. Talvez por isso que eu tenha um ar meio perdido, meio desligado. Ando meio desligado.
Preciso deixar a pós-modernidade um pouco de lado e parar de fazer links com tudo que me aparece. Joyce, Luiz Melodia, Mutantes, Tognolli. A lista de hoje foi bem diversificada.
Esse é o grande perigo dos textos sem coerência, que não passam de um amontaodo de quinquilharias verbais. Não se sabe como terminar um texto desses.