Monday, July 06, 2009

Vítima do Pensamento

Vasculhando a internet em busca de poemas do Paulo Leminski pro post passado, acabei me batendo com uma citação bem interesse do patrono desse blog. É a seguinte:

"A maldição de pensar fez suas vítimas: em minha geração, vi muitos poetas se transformarem em críticos, teóricos, professores de literatura"

Não aconteceu na hora, mas foi o suficiente para ir fermentando na cabeça e, alguns dias depois, eu dizer para mi mesmo: tá aí, você é uma vitima do pensamento”. Claro que eu não quero dizer que o mundo deixou de ganhar um grande escritor para ficar com um reles revisor de textos, mas lembrei de outros anos, quando escrever era muito fácil, e a minha imaginação rolava solta. Quando ao invés de inventar um post a partir da minha lista de leitura (a próxima readlist comentada está chegando só falta terminar metade de Os detetives selvagens, assim, umas 300 páginas), eu conseguia criar alguma coisa interessante a partir de uma banalidade.

Não quero também dizer que os textos antigos daqui são todos ótimos. Sejamos honestos, tem merda pra caralho aqui. Mas também tem muita coisa que me dá orgulho, que eu consigo reler várias vezes e continuar achando legal. Por exemplo, o post “Eu nunca tive uma máquina de escrever”. Para mim, o melhor de todos. Bem humorado, pega um assunto banal, transforma num tópico relevante, usa boas imagens, enfim, virou modelo da minha boa escrita. Não vou apontar os que eu não gosto, porque aí já é expor a minha própria tortura.

Aí eu me pego pensando, por que cargas d’água eu me deixei virar uma “vítima do pensamento”? Será que foi porque eu resolvi abandonar a criatividade e me dedicar aos estudos de vez, me transformando no clássico modelo de crítico literário, o escritor frustrado? Será que é simplesmente uma questão de hábito, e com o tempo talvez eu consiga reativar esse sótão imaginativo cheio de teias de aranha? Ou será ainda que simplesmente eu tinha uma vida mais cheia de aventuras e descobertas, menos cínica, cética e mal-humorada, mais deslumbrada, esperançosa e surpreendente? Essa hipótese até que casa, mas nesse caso não foi a vida que mudou, e sim eu. Talvez sejam todas as três. Enfim, sabe-se lá o que aconteceu, antes era mais fácil escrever.

P.S.: Esse post daqui tava pronto há um tempo, só esqueci de publicar. Sobre o acidente de carro desse fim de semana, esperem mais um pouco.

2 comments:

Gabi Coutinho said...

Talvez, com o passar do tempo, as pessoas se tornam mais críticas e chatas. Escrever uma linha se torna uma batalha. Aí vamos escorregando no sofá e a tv se torna uma aliada para a preguiça e para a arte do não pensar e do não escrever!
Nossa.. filosofei demais..
Está vendo como o Baraúna faz falta? E nem bêbada estou! Hahaha!

:**

Erika Prata said...

acredito na poesia que corre nas veias.
a literatura que pulsa junto com o coração.
quando sai do ventre, já vem de brinde! sabe?
a palavra pesa.
a palavra deixa leve.

estudar um pouco mais, um pouco menos... tanto faz,

vem de brinde.

benditos os que ... bom,
malditos, talvez.

a palavra pode ser benção e maldição, né?

foda-se,
o tempo passa e a palavra continua sendo escrita.
melhor ainda quando se sabe por onde ir. por onde começar e acabar.

ah, vai,
um clássico modelo crítcio literário frustrado...
que seja,
saiu do ventre com o brinde.

se fodeu,
ou não. hahaha!