Inicio hoje a série "Fragmentos de um discurso amoroso", baseado no livro homônimo de Roland Barthes cuja leitura iniciei também hoje. Desde que o tinha visto escondido no caos do livreiro da universidade, que li seu índice e vi, sem o saber nomear assim, uma "enciclopédia da cultura afetiva" (não são essas as pretensões do autor), surgiu minha compulsão. Mais um elemento da minha vida a sussurar inaudível: "devora-me ou te decifro". Pois, então, depois de um dia de leitura compulsiva e aleatória de seus vários capítulos, fruindo uma leitura meio poética meio acadêmica, decidi-me que iria tentar converter minhas experiências de leitura desse livro, trituradas na máquina-de-moer das minhas vivências, em poemas. É o vício da metalinguagem me atacando novamente. Tomara que não seja mais uma das empreitadas que eu deixo me esperando pelo resto da vida, relegadas a um semi-esquecimento que chega a dar pena.
Abaixo vão o fruto dos dois primeiros capítulos. Desde já digo que os poemas poderão conter citações textuais do livro, como o são os versos "morte livre do morrer", de Abismo, e "criança de pau duro", de Abraço.
Abismo
Fixa-me o abismo,
morte livre do morrer.
De mágoa, ou de fusão,
torno-me difuso,
plúmbea manhã.
Caio do Imaginário
na tumba comum das paixões
e vou-me ao além
que não é o outro.
Penso e desejo uma
morte livre do morrer.
Abraço
Abraçado a minha amada
(re)encontro os prazeres do ventre:
acolhe-me como mãe e minha mulher.
Eu, Eros,
criança de pau duro,
entrevejo a plenitude
e quero mais.
Monday, June 06, 2005
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1 comment:
Eu caí num abismo (soh por minha causa, logo,preciso de um abraço...(ou serah um grito de: ACOOOORDA e uma chacoalhada?!)
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