"Estava lá Aquiles, que abraçava
Enfim Heitor, secreto personagem
Do sonho que na tenda o torturava;
Estava lá Saul, tendo por pajem
Davi, que ao som da cítara cantava;
E estavam lá seteiros, que pensavam
Sebastião e as chagas que o mataram.
Nesse jardim, quantos as mãos deixavam
Levar aos lábios que os atraiçoaram!
Era a cidade exata, aberta, clara:
Estava lá o arcanjo incendiado
Sentado ao pés de quem desafiara;
E estava lá um deus crucificado
Beijando uma vez mais o enforcado."
(Mário Faustino)
Onde ficará o jardim das reconciliações impossíveis, dos perdões impedidos? Será um jardim onde toda culpa aflora ou resseca? Vingança dos vencidos ou comunhão dos vencedores?
Monday, July 04, 2005
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
Esse é um jardim que eu conheço bem.Cheio de labirintos que nos conduzem a fontes de lágrimas, brisas de suspiros, trilhos de culpa, ramos partidos que jamais ficarão inteiros e viçosos. Nesse jardim somos reis e servidores, somos culpados e inocentes, somos ar e fogo.Acima de tudo somos fogo com vontade de arder, terra com saudade da chuva.
um jardim tão vital qt morrer.
Não acredito na culpa. Não tem que haver culpa. A culpa mata e não nos deixa ir para a frente. A culpa é apenas um espartilho que o complexo judaico-cristão nos impõe desde há dois mil anos. Quanto mais depressa nos livrarmos dela, mais depressa ficaremos livres. E quantos mais formos, melhor. Só assim poderemos sair vencedores, e partilhar da certeza de que esse jardim se abrirá para nós.
Post a Comment