Sunday, July 31, 2005

In Danger

É noite. Tá na hora de entrar em ação.

Sozinho, Danger entra o bar. Está fervendo cigarro, cerveja e conversa. Ele não é um estranho ali, muitos o cumprimentam. As mulheres em especial.

- Hey, sweetie!
- Ta é bonito hoje, hem?
- Oi, cara! Sozinho ainda?

Home está numa mesa fodendo a cabeça de mais um desavisado. Não tô afim de falar com ela. Maldita Home. Eu adoro essa filha-da-puta.

O Bunker é meu tipo de lugar. You wanna go where everybody knows your name. Algo assim, menos americano, menos certinho. Traz uma sensação boa no estômago.

- Garoto, uma vodca com gelo!

Sento no bar e espero Garoto trazer minha bebida. É um velho amigo. E sempre o cumprimento com a mesma frase.

- E aí, cadê o Despair?
- Daqui a pouco deve aparecer por aí.

Tiro um cigarro da carteira, vamos começar. Mas, antes que eu ache o isqueiro, meus olhos têm que se levantar para olhar quem está me dando fogo. É um chute no saco. Um chute no saco, um soco no nariz, costelas quebradas, pulmões sem ar. Porra, é A Bruxa.

- Vai tomar no cú.
- Oi, Danger. Também fico feliz em revê-lo.
- Vai tomar no cú, porra.

Aquele corpo escultural, aquela pele, o perfume. Um sonho encarnado. Na verdade, o mais cruel dos pesadelos encarnado na pele de uma deusa. Nunca irrite uma deusa. Eu já irritei. Foi difícil, mas eu irritei. Hehehe.

- Você sabe que não faço nada sem motivo. Não vai perguntar por que tô aqui falando com você?
- Eu já disse. VAI TOMAR NO CÚ, PORRA!
- Tá, eu vou fingir que você perguntou. Eu quero algo de você.

Filha-da-puta. Eu sei o que ela vai fazer. Eu sei o que ela vai pedir. Eu sei por que ela vai pedir. Ela vai pedir só pra mostrar pra si mesma, pros outros, pra mim, que ela é forte. Vai mostrar quem manda. Vai marcar território. Vai acordar amanhã feliz e saltitante como uma criança indo pro circo. Foda-se. A Bruxa sempre ganha.

- Eu quero você. Na minha cama. Hoje.

Porra, é A Bruxa. É a mulher que eu amo. É o maldito pesadelo que sempre assombra minhas noites. Minha ball and chain. Meu fardo, a cruz que só eu tenho a coragem idiota de carregar. Sempre me prende numa ilusão que ela criou especialmente para mim. Ela vai sempre me foder. Eu vou sempre querer fodê-la. Eu amo A Bruxa.

- Vamo embora, filha-da-puta.

7 comments:

Anonymous said...

É.. amor e ódio são sentimentos muito próximos.

Queria ter o poder da bruxa, mas sou apenas uma aprendiz de feiticeria...

Bejo! :*

Anonymous said...

Existem feitiços que permanecem mesmo depois de quebrados. A pior ilusão de liberdade é pensar que esta é de fácil devolução.
Danger sabe que a sua liberdade ( resistir a Home) tem um preço: ele próprio.
Prefere a ilusão de estar sob feitiço, ou seja, de estar incapaz de decidir e isento de culpa. Homem de mãos atadas e olhos vendados, completamente indefeso...se calhar é isso que o prende a este jogo.Se assim não fosse, não seria o amor apenas mais uma coisa banal?

Anonymous said...

P.S.

Não ganhei o euromilhões, mas já inscrevi você no meu super abrigo...Não precisa pagar nada, só mostrar que precisa. Cumprimentos de portugal...

Anonymous said...

O foda eh a gente tah mal, encontrar certas pessoas e saber o que vai sair da boca delas. E pior...a gente sabe que sempre acaba caindo na armadilhas das Bruxas!
As bruxas saum poderoas, mas a gente consegue escapar pra naum virar sapo, ahhh consegue sim!!
Xero

Anonymous said...

Mimii!!

Eu adoro suas historias noir! :D

A poesia que vc botou lá no meu blog é sua? nunca comentei aqui pq achava que só podia comentar quem tivesse conta no blogger. mas hj chris iluminou a minha vida :P

beijão

Arlequina
www.beijodearlequim.blogspot.com

macambuzio said...

bem... pensei, numa ideia para os ministerios.

11 andar...eh a boa ideia.

pensei... em cada um, eu vc e chris escrevermos algo em torno...
11 andar.

e filmarmos se possivel.

junta 3 historias ki soh se entrelacam pelo 11 andar.

padecoisa said...

sin city comendo no centro =~

=*